A vida em Amesterdao



Nao o retalho da vida de um medico, mas o retalho da vida de uma portuguesa na terra dos diques, bicicletas, tulipas, moinhos, queijo... e sim, das drogas e do Red Light District tambem.


quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A arvore de Anne Frank


"As árvores morrem de pé. Com dignidade. Mesmo que tenham entre 150 e 170 anos, 27 toneladas e um fungo letal que lhe corrói os "ossos". É o caso do castanheiro de Anne Frank, bem no centro de Amesterdão - a árvore que a jovem holandesa judia mirava, quando escondida, durante 25 meses, num sótão, com a família, para fugir à insanidade nazi (1939-45).Podem aqueles troncos ser história? História? Podem. E assim o entendeu um grupo de empenhados cidadãos holandeses, que, depois de a hipótese ser aventada em 2007, mobilizou esforços nacionais e internacionais para impedir a morte da árvore, com recurso à serra eléctrica. Espécie de meu - dela - pé de laranja lima, ao qual tudo se desabafa, mas numa versão real e trágica (Anne acabaria por morrer no campo de concentração de Bergen-Belsen, na Alemanha), o castanheiro foi salvo in extremis. Ao contrário da sua menina, cujos dias alegrava, e que acabaria por morrer vítima de tifo.Mantê-la viva durante, pelo menos, mais cinco, dez, 15 anos, no máximo, vai custar caro, mas não têm preço estas palavras: «Quase todas as manhãs vou ao sótão tirar a poeira dos meus pulmões. Do meu lugar favorito no chão, olho para o céu azul e o castanheiro desfolhado, em cujos galhos brilham pequenas gotas de chuva, como prata, vejo ainda gaivotas e outros pássaros que deslizam no vento. Enquanto isto existir, e quero viver para ver, estes raios de sol o céu azul - enquanto isto durar, não poderei ser infeliz.»Custar caro significa o quê? Isto, a sair dos bolsos da Fundação de Apoio à Árvore de Anne Frank: 50 mil euros para uma estrutura metal que manterá a árvore de pé; 20 mil euros para os cuidados necessários e outros dez mil anuais para a manutenção. Entretanto, várias amostras do castanheiro foram já retiradas, por forma a deixá-las crescer numa espécie de berçário, para o caso de ser imperiosa a substituição. Concomitantemente, vão ser testados alguns medicamentos susceptíveis de matar o agente causador da infecção, que a deixou parcialmente podre.Para este desfecho foi necessária a arbitragem legal. De um lado, ecologistas e guardadores de memórias, ecologistas ciosos; do outro, o proprietário, em cujo jardim a árvore se agigantou, temendo a queda e eventuais danos humanos e materiais; no meio, o douto magistrado. Que, sensibilizado, decidiu: salve-se!"


No jornal Publico de hoje

2 comentários:

Unknown disse...

Nao sabia. E uma historia linda, essa que tens para nos contar. nao pelo castanheiro, nao pela anne-frank, nem sequer pelo insanidade Nazi.
Mas por si so, como historia e por tudo o que significa.
Beijocas.

Anónimo disse...

Fui ver a casa de Anne-Frank, li a história,vi todos os cantinhos,fiquei maravilhada,tudo muito bem organizado,mas,sinceramwnte não reparei no tal castanheiro,mas,com o dinheiro das entradas que são aos milhares,deve de dar para tratar essa preciosidade.Gosto de ler as tuas histórias,tudo bem explicadinho,parece que estou ai novamente,realmente férias em Amesterdão são do melhor,lindos passeios,lindas flores,andar a pé ou de bicicleta,e ainda montes de história para ver,museus,casas de canal,etc.etc.em tudo que se observa lá está uma ideia genial,e admiro a descontração de todos os habitantes.Beijinhos e conta mais FIFI