Já diz o ditado: A mulher de César

... além de ser séria tem de o parecer.

Isto a propósito de mais umas notícias que li no Público

In short: Inês de Medeiros tem residência em Paris, foi eleita por Lisboa e vai agora passar a ter direito a uma viagem a casa por semana por adaptacao do regime dos deputados das regiões autónomas dos Açores e da Madeira com o regime geral dos deputados.*

A coboiada comecou em Fevereiro e depois de muita notícia, muitas comissoes e muitas polémicas, houve uma reunião para tomada de decisao final que servia para decidir o que fazer.

Primeira escandaleira: o PS escolher como deputada alguém que vive em Paris. Nao tem explicacao nem justificacao. É novo-riquismo, síndrome de wannabee, estupidez, etc, etc. Eu cá punha-me já com ideia de ir viver para as Maldivas... o jet-lag ia ser terrível, mas pode-se sempre depois nao aparecer no Parlamento e por o sono em dia, certo?!

Segunda escandaleira: depois da bomba rebentar e chegar a hora da decisao, faltaram os representantes do PCP e do PEV. Com uma justificacao administrativa muito correcta mas que nao ajuda nada. Deviam lá ter estado, para isso é que a malta vai de 4 em 4 anos por uma cruzita num papel (e depois admiram-se que a abstencao suba. Os idiotas (como eu) que se dao ao trabalho de votar elegem malta que depois nao aparece para trabalhar...) Enfim!

Terceira escandaleira: o CDS-PP absteve-se. Claro, que isto de ser um partido de oposicao mas ter nos bastidores acordos com o PS é uma chatice. Votar contra nao podiam e o PS ficava zangado, a favor era chato porque sempre sao oposicao, né?! ... assim a malta nao se compromete. Muito bom!

Quarta escandaleira: O desempate. A votação dos diversos grupos parlamentares ficou empatada, com o PS a favor (tem 97 deputados) e o PSD e o BE contra (juntos tem 97 deputados). Como tal, e com voto de qualidade, o socialista José Lello votou a favor. De acordo com os estatutos e tal e tal, tudo legítimo e correcto. Mas dá um mau aspecto que nao se pode!

E depois leio notícias sobre o PEC, sobre o congelamento de salários, sobre o défice a aproximar-se rapidamente dos 10%, sobre o desemprego, sobre os avisos da UE, FMI, BCE, Comissao, etc, sobre os riscos que o País corre de ver o seu rating ser downgraded... até já li sobre falencia do País. E lembro-me do ditado: A mulher de César...


* Pelo que li, juridicamente, o estatuto preve que os deputados que vivam fora do circulo eleitoral pelo qual foram eleitos tenham direito a viagens pagas e ajudas de custo. Nao faz excepcoes para quem viva no estrangeiro. O estatuto tem uma lacuna que tem de ser suprimida. Mais uma vez, os pareceres legais parecem correctos. Mas é uma vergonha. Ponto final.