Não somos nós, são os outros
Esta é a traducao (algo livre) de um artigo de opiniao de um Holandes sobre os modos sociais dos Holandeses. Nao podia concordar mais, as vezes choca-me o como as pessoas nao tem consideracao, só olham para os seus umbigos. Mas sempre o entendi como "diferencas culturais". Pelos vistos, os próprios holandeses se queixam do mesmo uns em relacao aos outros...Está escrito na 1a pessoa.
Esta é a traducao (algo livre) de um artigo de opiniao de um Holandes sobre os modos sociais dos Holandeses. Nao podia concordar mais, as vezes choca-me o como as pessoas nao tem consideracao, só olham para os seus umbigos. Mas sempre o entendi como "diferencas culturais". Pelos vistos, os próprios holandeses se queixam do mesmo uns em relacao aos outros...Está escrito na 1a pessoa.
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Mais de 90 por cento dos holandeses dizem que as outras pessoas são muito egoístas. Noutras palavras: cada um individualmente acusa todos os outros de não terem consideração suficiente pelos outros.
Será que realmente precisam que lhes digam que, se deixarem o cão defecar no meio do passeio, há uma boa hipótese de que alguém possa pisar os cócó? Será que ainda não percebemos que, se ouvirmos a nossa música muito alto, poderemos incomodar os outros? Será que o refrigerante vazio escorrega das nossas mãos por si só? Num comboio, será que realmente desconhecemos que alguém se quer sentar no ultimo lugar vazio onde temos o nosso saco? Não vemos as grandes letras na janela para identificar o transporte como o "carruagem silenciosa" quando estamos na conversa ao telemóvel?
Claro que sim, e se nós formos a 'vítima', em tais casos, não temos qualquer dúvida de que os nossos interesses e direitos estão a ser deliberadamente ignorados.
Cortesia, vontade de agradar e bons costumes não são virtudes nacionais nos Países Baixos. Em certa medida estamos mesmo orgulhosos deste facto. Nós gostamos de dizer que isto acontece porque nós somos honestos, directos e simples. Aqueles nascidos ou criados fora das nossas fronteiras, diriam que os holandeses são principalmente brutos, bruscos e rudes.
Se uma pessoa holandesa diz, "Eu vou ser honesto contigo," já se sabe que o que se segue não será uma partilha, mas um insulto. E embora já haja um serviço um pouco melhor nos Países Baixos, ainda há um persistente sentimento na indústria hoteleira holandesa que hospitalidade e serviço é sinónimo de escravidão e lambidela de botas.
No entanto, mais de 90 por cento dos holandeses dizem que outros são demasiado egoístas. Há algo de trágico e cómico nisto: na verdade, todos acusam todos de não terem suficiente consideração pelos outros.
Mas é muito coerente com o retrato que emerge de todos os estudos nesta área: não há nem o menor indício de auto-crítica. São sempre os outros que precisam de mudar. A rigidez e honestidade que Johan Huizinga reconheu como um espírito nacional há 75 anos - bem como a arrogância que os acompanha - mudou.
Quem está irritado com alguém pelo barulho da música, a porcaria deixada no chão por outra pessoa com cão, o saco pousado no último lugar sentado vazio, sente-se lesado, em primeiro lugar, no que diz respeito à sua própria "excepcionalidade".
Quando falamos sobre como a cortesia parece ter desaparecido, não estamos a falar sobre o lugar vazio no comboio, mas sobre o lugar de honra, que pensamos que estamos a pagar. O crime não é só que não estamos a ser considerados, é que não somos o único a ser considerado.
Isto pode parecer um pouco exagerado, mas as pessoas que vivenciam estas situações sociais são culpadas de exagero. O exagero da "excepcionalidade" de sua própria pessoa - a essência do narcisismo - não só explica por que razão as pessoas estão a tornar-se mais mal educadas umas para as outras, mas também o facto notável que, numa altura em que muitas pessoas deviam estar preocupadas com o emprego e as suas posses, aparentemente as pequenas fontes de irritação continuam a dominar as suas preocupações.
Uma reviravolta ainda é possível, mas só se nós começarmos a mudar-nos a nós próprios, em vez de apenas esperar que os outros mudem.
Existe um velho provérbio chinês que pode ser adaptado à situação holandesa: "Mestre", pergunta o aluno, "Como faço para me tornar uma pessoa boa?" O Mestre: "Imita uma pessoa boa por algum tempo."
Nem mais!
1 comentário:
Muito bem "falado". Concordo com tudo!
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